“Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.”Estatuto da Criança e do Adolescente(Lei Federal nº 8069, de 13/07/1990 – ECA)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SOBRE A MASSOTERAPIA

INVESTIGAÇÕES / ESTUDOS

O toque, o mais antigo dos sentidos, ainda é um tabu em nossa civilização. O médico francês Frederick Leboyer foi o responsável por introduzir no dia a dia de muitas mães, a arte hindu de massagear as crianças aprendida com Shantala.
Leboyer, mais poeta que médico, descobriu a magia de Shantala durante uma viagem à Índia. Encontrou-a em meio a uma enorme favela, em Calcutá, onde trabalhavam dois amigos seus. Por dias, fotografou a moça (paralítica) que massageava seu bebê todas as manhãs, aproveitando o sol.
E ensinou a muitas outras mães, através de seu livro (Shantala, uma antiga arte de massagem, publicado no Brasil pela editora Ground), os segredos e a forma da massagem como lhe foram transmitidos.
O oriente descobriu há milênios que o toque é essencial para o desenvolvimento integral do ser humano. Pouco a pouco, nossa civilização vai descobrindo que carícias fazem bem ao corpo e à alma e que quanto mais cedo têm início, melhor.
A massagem é uma forma de tocar o corpo com qualidade, proporcionando descanso em parte do corpo ou no corpo todo.
Em termos estritamente físicos, a massagem destina-se a melhorar os sistemas circulatório, muscular e nervoso e a ajudar também o corpo a assimilar os alimentos e a eliminar os produtos residuais. Em termos psicológicos e emocionais, os seus efeitos calmantes e tranqüilizantes contribuem decisivamente para a melhoria do bem estar das pessoas.


• São várias as investigações médicas que comprovam que crianças privadas do toque podem desencadear carência afetiva, tornando-se adultos insatisfeitos, inseguros ou ansiosos e com pouca auto-estima. Por outro lado, as crianças que foram massageadas, tocadas e acarinhadas tendem, quando adultos, a manter relações saudáveis, pois entregam-se com mais facilidade, são mais abertos, simpáticos e confiantes.


• Numerosos estudos permitiram demonstrar que a estimulação táctil é muito importante para promover o crescimento físico, bem como a adaptação saudável das emoções e do comportamento, em animais de laboratório (Hammet 1992, Montagu 1986, Harlow 1958). Investigações recentemente conduzidas na universidade de Duke possibilitaram a identificação da existência de um “gene de crescimento” específico, segregado em resposta à estimulação táctil.


• Está comprovado que a privação do toque conduz: a um aumento dos hormônios do stress, a um aumento da secreção de corticosteróides; a uma diminuição do índice do crescimento, da diferenciação de células, da libertação de hormônios de crescimento, diminuição da produção de anticorpos, diminuição da produção linfocitária, e a alterações comportamentais (reações depressivas)


• A relação Pais - bebês numa situação de massagem favorecem a libertação de ocitocina. Vários são os estudos que confirmam que o nível de ocitocina aumenta como resultado ao toque, à pressão ligeira e à temperatura do corpo. A libertação de ocitocina para além de favorecer a vinculação e o reconhecimento, criando comportamentos de proteção parental, pode também ser responsável por um efeito anti-stress, abaixamento ou estabilização da pressão arterial, ganho de peso (ativa a secreção de enzimas e ácidos digestivos), um aumento da circulação sanguínea em certas partes do corpo e uma diminuição do tônus muscular. Isto leva à conclusão que a massagem e a dinâmica de grupo que nela ocorre funcionam como um efeito positivo no bem estar tanto dos adultos como das crianças.


• Um estudo verificou que em crianças com idade pré-escolar o seu ritmo de vigilia-sono melhorou após uso da massagem infantil (T. Field, T Kilmer & I. Burman: Early Child Development and Care, in press)


• Bavolek (1993) afirma que “ensinar a massagem infantil como parte de um programa global de educação parental poderá ajudar a quebrar o ciclo de abuso existente em muitas famílias”, uma vez que o método de massagem infantil da IAIM tem como principio o pedido de permissão que permite ás crianças desde cedo perceberem que elas são donas do seu próprio corpo e tem o controle de tudo o que se passa com ele.


• Tiffany Field verificou num estudo um desenvolvimento neuropsicológico, ganho de peso e desenvolvimento mental em bebês prematuros posteriormente à estimulação. Os dados indicam que a estimulação precoce e sistemática dada pelas mães pode potenciar o desenvolvimento de crianças prematuras. Neste estudo o grupo de bebês prematuros sujeitos à massagem aumentaram em média mais 47% de peso, revelaram uma maior responsividade social e tiveram alta seis dias mais cedo do hospital. O mecanismo biológico subjacente que explica o aumento de peso entre os recém nascidos prematuros alvo de massagem reside possivelmente no aumento do tônus vagal que, por sua vez, desencadeia um aumento de insulina (o hormônio responsável pela absorção dos alimentos).


• Para além dos benefícios anteriormente referidos a massagem é também uma mais valia no caso crianças com necessidades especiais: ajuda a relaxar os músculos hipertônicos, ajuda a estimular os músculos dos bebês que têm baixo tônus (ex. Síndrome de Down), ajuda a manter os níveis de oxigênio estáveis quando sujeitos a stress, ajuda os bebês a tolerarem o toque positivo (especialmente os que tiveram numa UCI), ajuda o bebês a libertar a tensão, favorece o aumento de peso e a saída mais cedo do hospital, ajuda a diminuir o gás intestinal e ajuda à digestão (ex. bebês com alteração do sistema digestivo) e ajuda à regular a hiper/hipo sensibilidade táctil.


• Saul Schanberg, investigador e pediatra, refere que as massagens reduzem a ansiedade nos doentes psiquiátricos infantis e adolescentes. Após 5 dias de massagens de 30 minutos nas costas, doentes infantis e adolescentes hospitalizados com depressão e perturbações da adaptação, mostraram-se menos deprimidos, menos ansiosos, apresentando níveis mais baixos de cortisol na saliva após a massagem; mais colaborativos, tendo o sono noturno aumentado durante o período do teste. Nos doentes com depressão, os níveis de cortisol e neoepinefrina na urina também baixaram.


• Por último, a massagem infantil integra vários elementos da criação de laços afetivos (contacto visual direto, toque, odor, comunicação verbal e biorritmicidade) num programa estruturado de integração entre pais e filho (Evans, 1990).

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